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A ingestão de álcool realmente induz fibrilação atrial?

Já sabemos que o etilismo crônico está associado a mais eventos de fibrilação atrial (FA) e que a abstinência é um fator de proteção para novos eventos. Mas não está claro se a ingestão aguda de bebidas alcoólicas aumenta o risco de um evento agudo.

Será que o álcool funciona mesmo como um gatilho para indução de fibrilação atrial? 

Para responder essa questão, foi apresentado o estudo HOLIDAY no congresso do American College of Cardiology (ACC 2021) .

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O estudo sobre fibrilação atrial

Nesse ensaio foram recrutados 100 pacientes com fibrilação atrial paroxística que consumiam álcool pelo menos uma vez por mês. Eles não deveriam ter a intenção de mudar a estratégia terapêutica para fibrilação atrial e não tinham qualquer evidência de abuso de álcool ou outras drogas. Então eles recebiam 2 monitores: um para avaliar o ritmo cardíaco e outro para dosar em tempo real o nível de álcool no sangue, capaz de detectar mínimas ingestões de álcool (uma taça de vinho, uma lata de cerveja ou um drink de bebidas destiladas).

Ao longo de um acompanhamento médio de 27 dias de monitoramento, houve uma média de ingestão de 19 doses com 56% dos pacientes apresentando pelo menos um episódio de fibrilação atrial. A ingestão de álcool foi um preditor de episódios agudos de fibrilação atrial em um intervalo de 12 horas após o uso, com um pico por volta da quarta hora. E quanto maior a ingestão de álcool, maior o risco de arritmia. Não houve um limiar de ingestão de álcool a partir do qual o risco de fibrilação atrial aumenta. A cada 0,1% de aumento na concentração de álcool no sangue nas últimas 12 horas, houve aumento de risco de 38% para um evento agudo de fibrilação atrial. O que mostra que os eventos de fibrilação atrial nesses pacientes não ocorreram por acaso ou por coincidência.

Considerações

Portanto, o consumo de álcool parece sim ser um gatilho modificável de novos episódios de fibrilação atrial em pacientes já diagnosticados com a doença. E mesmo uma única dose pode aumentar o risco. Há a necessidade de confirmar esse dado em estudo maiores e aprofundar a investigação de outros gatilhos, por exemplo, apneia do sono, abuso de cafeína e tabagismo.

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Dr. Rafael Vinicius Otsuzi
Médico pela Universidade de São Paulo – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP
Residência Médica: Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo – HC – FMRP USP
Especialista em Cardiologia pela Associação Médica Brasileira (AMB)
Título de Especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC)
Referência bibliográfica:

HOLIDAY Monitors at the American College of Cardiology Virtual Annual Scientific Session (ACC 2021), May 17, 2021. Leia o artigo original, clique aqui.

SAIBA MAIS…

Perguntas frequentes (FAQ) sobre álcool e fibrilação atrial

DUVIDAS E PERGUNTAS FAQ 8

1. O álcool pode induzir fibrilação atrial?

Resposta: Sim, o consumo excessivo de álcool pode ser um fator desencadeante de fibrilação atrial, uma arritmia cardíaca. O álcool pode afetar a função elétrica do coração, levando ao descompasso dos batimentos.

2. Qual é a quantidade segura de álcool para evitar fibrilação atrial?

Resposta: Não há um limite exato considerado seguro. No entanto, estudos sugerem que o consumo moderado de álcool, como uma bebida alcoólica por dia para mulheres e até duas para homens, pode não apresentar um risco significativo de fibrilação atrial.

3. A fibrilação atrial relacionada ao álcool é reversível?

Resposta: Em alguns casos, sim. Quando a fibrilação atrial é causada pelo álcool e o consumo é interrompido, o ritmo cardíaco pode voltar ao normal. No entanto, isso pode depender de vários fatores individuais.

4. Existem outros fatores além do álcool que contribuem para a fibrilação atrial?

Resposta: Sim, além do álcool, fatores como idade avançada, hipertensão, doença cardíaca pré-existente, obesidade e histórico familiar podem aumentar o risco de desenvolver fibrilação atrial.

5. O consumo ocasional de álcool também pode causar fibrilação atrial?

Resposta: Embora o risco possa ser menor em consumos ocasionais, não se pode descartar completamente a possibilidade de fibrilação atrial. A predisposição individual e a sensibilidade ao álcool podem variar.

6. O tipo de bebida alcoólica faz diferença na indução da fibrilação atrial?

Resposta: Não há evidências conclusivas de que um tipo específico de bebida alcoólica cause mais fibrilação atrial que outros. O importante é o teor alcoólico e a quantidade total consumida.

Perguntas frequentes (FAQ) sobre a relação entre álcool e arritmias

1. O álcool pode causar outros tipos de arritmias além da fibrilação atrial?

Resposta: Sim, o consumo excessivo de álcool pode estar associado a várias arritmias cardíacas, incluindo taquicardia ventricular, taquicardia supraventricular e outras formas de fibrilação cardíaca.

2. Existe alguma quantidade segura de álcool quando se trata de arritmias?

Resposta: Não há uma quantidade segura definitiva. Cada indivíduo pode ter diferentes níveis de tolerância ao álcool, mas a moderação geralmente é recomendada para evitar problemas cardíacos.

3. O álcool afeta o coração imediatamente após o consumo?

Resposta: Sim, o álcool pode afetar o coração quase imediatamente após o consumo. Ele pode alterar a função elétrica do coração e causar batimentos irregulares em algumas pessoas.

4. As arritmias induzidas pelo álcool são permanentes?

Resposta: Nem sempre. Em alguns casos, quando a causa subjacente é o álcool e o consumo é interrompido, as arritmias podem desaparecer. Porém, em outros casos, podem ser necessários tratamentos médicos para controlá-las.

5. O álcool afeta todos os indivíduos da mesma maneira em relação às arritmias?

Resposta: Não, a resposta ao álcool varia entre as pessoas. Alguns podem desenvolver arritmias com quantidades menores, enquanto outros podem não ser afetados mesmo com consumo moderado.

Consulta com Dr. Rafael Otsuzi (Médico Cardiologista)

Para consultas ou mais informações fibrilação atrial e arritmias cardíacas, entre em contato com o Dr. Rafael Otsuzi:

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