Visão Geral do Conteúdo
Entender a psicossomática é mergulhar na complexa interação entre a mente e o corpo. O campo da medicina psicossomática explora como estados emocionais podem influenciar a saúde física, dando especial atenção a condições como a depressão.
A depressão, comprovadamente, contribui para uma variedade de doenças físicas. A seguir, vamos explorar um pouco mais essa relação.
A ligação entre a depressão e a saúde física
Estudos científicos confirmam uma ligação substancial entre a doença e várias condições médicas físicas.
De acordo com uma pesquisa publicada no “Journal of the American Medical Association”, pessoas com depressão têm uma probabilidade 1,6 vez maior de desenvolver doenças cardíacas, diabetes tipo 2, doenças autoimunes entre outras.
Um dos problemas mais frequentes na área de psicossomática é a fibromialgia. Qual de nós nunca sentiu dores musculares depois de uma situação de estresse mais forte, depois de algum susto ou perda de um ente querido.
Utilizar a empatia (forma de tentar compreender como os outros se sentem ao se colocar no lugar deles) ajuda a gente a compreender como a fibromialgia é algo difícil para de conviver.
Muitas pessoas precisam usar relaxantes musculares, às vezes analgésicos potentes para suportar um quadro doloroso que pode ser limitante fisicamente. Há muitos anos já se prescreve alguns antidepressivos e outras classes demedicação que auxiliam no tratamento desse sintoma.
Amitriptilina, duloxetina, pregabalina são alguns dos mais usados nessa questão que atinge um grande número de pessoas que passam por uma expressão dos conflitos mentais-emocionais a nível físico através dos sintomas psicossomáticos : a fibromialgia.
Além da prescrição medicamentosa para reduzir a intensidade da somatização, indica-se psicoterapia e atividade física frequente.
A psicoterapia pode ajudar na verbalização de conflitos que podem estar ganhando vazão através de doenças psicossomáticas.
Depressão e Doenças Cardiovasculares
Pesquisas robustas indicam que a doença é um fator de risco independente para doenças cardiovasculares.
Uma pesquisa do “National Institute of Mental Health” (NIMH) mostrou que pessoas com depressão têm até duas vezes mais chances de desenvolver doenças cardíacas do que aquelas sem depressão.
A tristeza e a infelicidade podem se expressar através de doenças dos mais variados tipos quando não encontram solução de outras maneiras.
O livro “O corpo fala” de Pierre Weil e Roland Tompakow aborda o assunto de forma aprofundada e traz a tona a questão da “linguagem silenciosa da comunicação não verbal”.
As doenças psicossomáticas requerem tratamento simultâneo clínico e psicoterápico para que resultem numa melhora significativa.
Muitas vezes um paciente pode estar sofrendo de enxaquecas terríveis por não estar conseguindo comunicar as dores emocionais que está passando em função de um determinado conflito familiar ou no trabalho. A somatização muitas vezes é o reflexo do que não é dito em palavras e acaba sendo transformado em um tipo de linguagem simbólica corporal que requer um trabalho terapêutico para ganhar a consciência e assim haver melhora consistente.
Depressão e Diabetes
A interação entre depressão e diabetes é bidirecional e complexa. A depressão pode aumentar o risco de desenvolver diabetes tipo 2 e, inversamente, pessoas com diabetes são mais propensas a apresentar sintomas depressivos.
Depressão e Doenças Autoimunes
A doença é mais comum em pessoas com doenças autoimunes, como lúpus e artrite reumatoide. Isso pode estar relacionado ao impacto do estresse crônico no sistema imunológico, o que resulta em inflamação e disfunção imunológica.
Depressão e Doenças
Compreender como a doença está relacionada a doenças específicas pode ajudar a esclarecer a necessidade de cuidados integrados em saúde mental e física. Aqui estão alguns exemplos de doenças relacionadas à depressão:
- Doença cardíaca: A depressão é um fator de risco para doenças cardíacas, com pacientes deprimidos tendo um risco 64% maior de desenvolver doenças coronárias.
- Diabetes: A doença pode dificultar o gerenciamento do diabete, potencialmente levando a complicações graves, como doenças cardíacas, insuficiência renal e cegueira.
- Doenças autoimunes: Distúrbios como lúpus e artrite reumatoide são mais comuns em pessoas com depressão.
- Obesidade: A depressão pode levar ao ganho de peso e à obesidade, e vice-versa. Ambos têm sido associados a outras condições de saúde, como doenças cardíacas e diabetes.
Tratamento Integrado para a Depressão e a Saúde Física
O tratamento para a doença deve ser integrado para abordar tanto a saúde mental quanto a física. Isso pode incluir:
- Psicoterapia: Terapias como a terapia cognitivo-comportamental podem ajudar os pacientes a gerenciar os sintomas da depressão e a lidar melhor com o estresse.
- Psicoterapias de orientação psicanalítica podem auxiliar muito na compreensão de como as doenças se estabelecem a partir de fatores inconscientes relacionados à sofrimentos não elaborados ao longo da vida da pessoa. Autores como M. Balint e D. Winnicott entre outros, desenvolveram teorias e métodos terapêuticos muito originais e eficientes a partir da psicanálise criada por S. Freud e seus sucessores. O paciente é auxiliado a perceber e compreender conflitos inconscientes que estão se expressando simbolicamente através de doenças ou somatizações.
- Medicação: Antidepressivos podem ser usados para aliviar a intensidade dos sintomas e auxiliar no controle da somatização.Qualquer medicação deve ser tomada conforme a orientação médica. Existem diversos tipos de antidepressivos com diferentes efeitos colaterais, tempo de ação e tempo para retirada. Já existe um exame farmacogenético que auxilia na detecção de quais os antidepressivos mais indicados para cada indivíduo e geralmente é indicado quando está havendo dificuldade em se encontrar uma resposta adequada ao tratamento instituído.
- Mudanças no estilo de vida: Exercício regular, uma dieta saudável e dormir o suficiente também são importantes para o gerenciamento da depressão e da saúde geral.
Perguntas frequentes sobre depressão e doenças físicas
Existe uma relação entre depressão e doenças físicas?
Sim, existe uma relação entre ela e doenças físicas. Estudos mostram que a depressão está frequentemente associada a diversas condições físicas, como doenças cardiovasculares, diabetes, doenças autoimunes, dor crônica, distúrbios do sono, entre outras.
A depressão pode causar doenças físicas?
Embora a doença não seja diretamente responsável por causar doenças físicas, ela pode contribuir para o seu desenvolvimento. A depressão crônica pode afetar o sistema imunológico, aumentar a inflamação no corpo e influenciar negativamente os hábitos de vida, como alimentação e atividade física, que são importantes para a saúde física.
As doenças físicas podem levar à depressão?
Sim, as doenças físicas podem aumentar o risco de desenvolver a doença. Lidar com uma condição médica crônica, enfrentar limitações físicas, viver com dor constante ou passar por tratamentos médicos intensivos podem ser desencadeadores de sintomas depressivos.
Qual é o impacto da depressão nas doenças físicas?
A presença da doença em pessoas com doenças físicas pode piorar o prognóstico, agravar os sintomas e diminuir a qualidade de vida. A depressão pode dificultar o tratamento das doenças físicas, comprometer a adesão ao tratamento médico, aumentar o risco de complicações e afetar negativamente o bem-estar geral.
Conclusão
A depressão não é apenas um transtorno mental e pode ser compreendida e tratada do ponto de vista psicossomático.
Seus efeitos podem se infiltrar em quase todos os aspectos da saúde física, aumentando o risco de várias doenças. Assim, o tratamento da depressão não é apenas benéfico para a saúde mental, mas também pode ter impactos positivos na saúde física e na qualidade de vida.
A psicossomática ajuda na integração mente e corpo, visto que são absolutamente complementares.
Nota
Este artigo contou com a valiosa colaboração de colegas especialistas em Psiquiatria, cujas contribuições enriqueceram o conteúdo e reforçam a credibilidade das informações apresentadas.
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Nota de Revisão Técnica
Revisado por Dra. Célia Regina Barreto Bianco, Psiquiatria.
CRM: 68641, RQE: 78681