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Esquizofrenia: Mitos e Verdades na Visão de Doutores Especialistas

A esquizofrenia é um dos transtornos mentais que mais afeta a vida psíquica de uma pessoa e uma das doenças mentais que mais traz limitações emocionais, sociais e laborais, que acomete aproximadamente 1% da população mundial. 

No Brasil, estima-se que cerca de 2,2 milhões de pessoas sejam afetadas por esse transtorno, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mesmo com essa prevalência significativa, a esquizofrenia ainda é mal compreendida, dando margem para uma série de mitos e equívocos.

Neste artigo, exploraremos os mitos mais comuns e revelaremos as verdadeiras características desse transtorno mental.

Mito: A Esquizofrenia é uma Doença Rara

Apesar de ser menos comum do que os transtornos de ansiedade ou depressão, a esquizofrenia não é considerada uma doença rara.

A Organização Mundial de Saúde estima que cerca de 21 milhões de pessoas em todo o mundo vivem com a doença, o que equivale a aproximadamente 1% da população mundial.

Mito: Pessoas com Esquizofrenia têm Personalidade Dividida

A doença que causa o surgimento de múltiplas personalidades está associada a uma condição mental diferente da esquizofrenia e é conhecida como: transtorno de personalidade múltipla.

esquizofrenia

Situações traumáticas podem gerar essa condição, que surge como uma defesa da mente, uma forma da mente se proteger de uma realidade traumática insuportável. Ambas as doenças estão associadas a um sofrimento mental intenso causado por um trauma ou traumas emocionais graves.  

Mas a doença causa uma divisão diferente, entre o pensamento e a emoção, ocasionando o que se conhece como embotamento afetivo, ou seja, a expressão do afeto fica diminuída e a pessoa tem uma profunda dificuldade de entrar em contato com as próprias emoções, passando então a ter muita dificuldade em se relacionar intimamente com os outros, o que leva a um distanciamento social. 

No transtorno de personalidade múltipla a pessoa também tem uma dificuldade grande de expressar as emoções mas as expressa através do surgimento de “pessoas diferentes” no comportamento de uma mesma pessoa. Essa condição sim é muito rara, muito mais rara que a doença. 

Mito: Pessoas com Esquizofrenia são Violentas

Não é correto associar automaticamente a esquizofrenia à violência. A maioria dos indivíduos com a doença não é violenta. De acordo com uma pesquisa publicada no American Journal of Psychiatry, pessoas com esquizofrenia têm mais chances de serem vítimas do que perpetradoras de crimes violentos.

A violência geralmente pode ocorrer se a pessoa não aceitar tratamento ou abandonar o uso dos medicamentos prescritos e evoluir com delírios e alucinações que podem, aí sim, levar a comportamentos agressivos como defesa de alguma realidade paralela criada pela mente do paciente. 

Mito: A Esquizofrenia não tem Tratamento

Embora a esquizofrenia seja um transtorno crônico, ou seja, quando a doença surge ela permanece e vai requerer um acompanhamento ao longo de toda a vida.

Mas pode ser gerenciada com sucesso, por meio de tratamentos que combinam medicamentos (haloperidol, clorpromazina entre outros) e terapias psicossociais. 

Aliás, existem hoje medicamentos modernos, para uso contínuo: risperidona, olanzapina, quetiapina, clopixol, clozapina, paliperidona etc, que podem controlar os sintomas (mesmo quando mais graves e de difícil controle) de forma muito eficiente e possibilitar uma vida de qualidade.

Algumas dessas medicações são oferecidas via oral (comprimidos ou em gotas) e algumas através de injeção mensal (existe já uma medicação que pode ser aplicada a cada 3 meses para pacientes que não aderem ao uso diário de comprimidos). 

A adesão do paciente ao tratamento e a colaboração da família na criação de um ambiente de maior aceitação das limitações que surgem (em decorrência da doença) fazem uma enorme diferença no controle dos sintomas e na promoção de uma qualidade de vida para o paciente e seus familiares. 

O tratamento adequado da esquizofrenia diminui muito a necessidade de uma internação hospitalar. Atualmente, com uma prescrição médica adequada e um acompanhamento psicossocial suficiente, dificilmente vai ser necessário o tratamento hospitalar.

E tem aumentado o investimento em unidades de tratamento em hospitais gerais, diminuindo assim o estigma da doença. 

esquizofrenia

No Brasil o tratamento da esquizofrenia se faz predominantemente através dos CAPS ( são serviços que visam a inclusão social, a reabilitação psicossocial entre outros objetivos fundamentais no tratamento, onde trabalham diversos profissionais da saúde mental – psicólogos; enfermagem; assistentes sociais; médicos psiquiatras; educadores físicos; terapeutas ocupacionais etc) e de outros serviços extra-hospitalares (centros de convivência; grupos de auto ajuda; associações de familiares e portadores de esquizofrenia). 

Leia mais sobre: https://medicina.ribeirao.br/2023/10/04/brexpiprazol-um-guia-abrangente/

Mito: A esquizofrenia é causada por algum erro na educação

A esquizofrenia é um problema de saúde, uma doença que tem fatores biológicos (genéticos) para se manifestar e que requer fatores ambientais para a sua expressão.

Traumas na infância, uso de substâncias e estresse podem contribuir para o seu desenvolvimento, mas não são a causa da doença e sim fatores desencadeantes dela. Outras pessoas podem ter experiências semelhantes sem desenvolver esquizofrenia por não terem determinadas características genéticas que predispõe à doença. 

Sabe-se que numa mesma família podem existir vários casos de esquizofrenia, assim como ocorre em relação ao surgimento de diabetes, hipertensão arterial, neoplasias e outras doenças que também têm uma expressão genética desencadeada por fatores ambientais. 


Perguntas frequentes sobre Mitos e Verdades sobre a Esquizofrenia

Perguntas e respostas FAQs 10 1

A esquizofrenia é uma doença mental rara?

Mito. A doença não é considerada uma doença mental rara. Ela afeta cerca de 1% da população mundial, o que significa que é relativamente comum.

Pessoas com esquizofrenia têm múltiplas personalidades?

Mito. A esquizofrenia não está relacionada ao transtorno dissociativo de identidade, conhecido popularmente como “múltiplas personalidades”. A doença envolve sintomas como delírios, alucinações e dificuldades cognitivas, mas não envolve a presença de múltiplas identidades.

A esquizofrenia é uma condição incurável?

Verdade. A doença é uma doença crônica, mas pode ser tratada e controlada com uma combinação de medicamentos antipsicóticos, psicoterapia, suporte familiar e estilo de vida saudável. Embora não haja uma cura definitiva, muitas pessoas com a doença conseguem levar uma vida produtiva e significativa.

Pessoas com esquizofrenia são violentas e perigosas?

Mito. A maioria das pessoas com esquizofrenia não apresenta comportamento violento. Na verdade, elas são mais propensas a serem vítimas de violência do que a cometerem atos violentos. É importante não estigmatizar as pessoas com a doença e entender que a violência não é uma característica inerente da doença.

A esquizofrenia é causada por má criação ou eventos traumáticos na infância?

Mito. A esquizofrenia não é causada por má criação, eventos traumáticos na infância ou por fatores sociais. A causa exata da doença ainda é desconhecida, mas pesquisas sugerem que fatores genéticos, anormalidades no cérebro e desequilíbrios químicos são contribuintes importantes para o desenvolvimento da doença.

Pessoas com esquizofrenia não podem trabalhar ou ter relacionamentos saudáveis?

Mito. Com o tratamento adequado, muitas pessoas com a doença conseguem trabalhar, estudar, estabelecer relacionamentos saudáveis e ter uma vida satisfatória. O apoio da família, o acesso a serviços de saúde mental e a busca de um ambiente de trabalho ou estudo inclusivo e compreensivo podem ser fundamentais para o sucesso e a qualidade de vida dessas pessoas.

Conclusão

A compreensão precisa da esquizofrenia é essencial para combater o estigma e a discriminação que cercam esse transtorno. 

Lembre-se: a doença é um problema de saúde mental que quando  tratado adequadamente pode evoluir para uma vida menos limitada, mais produtiva e gratificante. 

Nota

Este artigo contou com a valiosa colaboração de colegas especialistas em Psiquiatria, cujas contribuições enriqueceram o conteúdo e reforçam a credibilidade das informações apresentadas.

Imagem dos colaboradores médicos Dra. Célia Regina Barreto Bianco e Dr. André Pastana Beraldo, ambos especialistas em Psiquiatria com anos de experiência em atendimento psiquiátrico, que contribuíram para enriquecer o conteúdo deste artigo.
Para mais artigos e informações, visite os perfis dos médicos: Dra. Célia Regina Barreto Bianco e Dr. André Pastana Beraldo

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