Visão Geral do Conteúdo
- 0.1 Visão geral do plástico
- 0.2 Definições e Descobertas: Microplásticos e Nanoplasticos
- 0.3 Inovação na Microscopia: Vislumbrando o Invisível
- 0.4 Análise Detalhada Revela Surpresas na Água Engarrafada
- 0.5 PET e Poliamida: Fontes Surpreendentes de Nanoplasticos
- 1 Um Pensamento Perturbador e um Novo Horizonte de Pesquisa
O estudo recente sobre a presença de nanoplasticos em água engarrafada, publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences, apresentou descobertas alarmantes. Os pesquisadores desenvolveram uma técnica de imagem avançada que detectou milhares de pequenas partículas de plástico em garrafas de água descartáveis comuns. Esta técnica, conhecida como microscopia de espalhamento Raman estimulado (SRS), permitiu identificar micro e nanoplasticos a nível de partícula única.
Os resultados revelaram que, em média, um litro de água engarrafada contém cerca de 240.000 minúsculas peças de plástico, com aproximadamente 10% dessas sendo nanoplasticos. Isso é 10 a 100 vezes mais partículas de plástico do que estudos anteriores, que se concentraram principalmente em microplásticos maiores.
Os nanoplasticos são particularmente preocupantes devido ao seu tamanho extremamente pequeno, sendo menores que 1 ?m. Essas partículas são tão minúsculas que podem entrar nas células e tecidos do corpo humano. Pesquisas anteriores já encontraram evidências de partículas de plástico no sangue humano, pulmões, intestino, fezes e tecidos reprodutivos, como a placenta e os testículos. No entanto, os potenciais efeitos na saúde dessas pequenas partículas de plástico ainda não são comprovados e permanecem desconhecidos.
A água analisada continha partículas de todos os sete tipos de plástico comuns, sendo o mais comum o poliamida, um tipo de nylon frequentemente usado para filtrar e purificar a água. Outros plásticos identificados incluíam o tereftalato de polietileno (PET), usado na fabricação de garrafas para água e outras bebidas.
Veremos mais detalhes a seguir:
Visão geral do plástico
A produção mundial de plástico está se aproximando de 400 milhões de toneladas métricas por ano, com mais de 30 milhões de toneladas descartadas anualmente em água ou em terra.
Diferentemente da matéria orgânica natural, a maioria dos plásticos não se decompõe em substâncias relativamente inofensivas; eles simplesmente se dividem em partículas decrescentes da mesma composição química.
Não há limite teórico para o quão pequenos eles podem se tornar, além das moléculas individuais.
Definições e Descobertas: Microplásticos e Nanoplasticos
Microplásticos são definidos como fragmentos que variam de 5 milímetros (menos de um quarto de polegada) a 1 micrômetro. Por outro lado, nanoplasticos, sendo partículas abaixo de 1 micrômetro, são medidos em bilionésimos de metro.
A questão dos plásticos em água engarrafada ganhou atenção pública, principalmente após um estudo de 2018, que detectou uma média de 325 partículas por litro. Estudos posteriores multiplicaram esse número várias vezes.
Embora os cientistas suspeitassem que houvesse mais partículas do que as contadas, as estimativas precisas paravam em tamanhos abaixo de 1 micrômetro, o limite do mundo nano.
Inovação na Microscopia: Vislumbrando o Invisível
Uma partícula minúscula de plástico poliestireno, capturada por uma nova técnica microscópica, tem cerca de 200 nanômetros de largura, ou 200 bilionésimos de metro.
Naixin Qian, autor principal do estudo e estudante de pós-graduação em química na Universidade de Columbia, comenta: “As pessoas desenvolveram métodos para ver nanopartículas, mas não sabiam o que estavam observando”. Estudos anteriores forneciam estimativas em massa de nano, mas na maioria das vezes não conseguiam contar partículas individuais, nem identificar quais eram plásticos ou algo mais.
O estudo atual utiliza uma técnica chamada microscopia de espalhamento Raman estimulada (SRS), co-inventada por Wei Min, coautor do estudo e biofísico da Universidade de Columbia.
Essa técnica envolve sondar amostras com dois lasers simultâneos sintonizados para fazer moléculas específicas ressoarem. Com foco em sete plásticos comuns, os pesquisadores criaram um algoritmo orientado por dados para interpretar os resultados. “Detectar é uma coisa, mas saber o que você está detectando é outra”, afirma Min.
Análise Detalhada Revela Surpresas na Água Engarrafada
Os pesquisadores analisaram três marcas populares de água engarrafada vendidas nos Estados Unidos, examinando partículas de plástico de até 100 nanômetros de tamanho. Eles identificaram entre 110.000 a 370.000 fragmentos de plástico por litro, dos quais 90% eram nanoplasticos; o restante era composto por microplásticos. Além disso, eles determinaram quais dos sete plásticos específicos estavam presentes e mapearam suas formas – informações que podem ser valiosas para pesquisas biomédicas.
PET e Poliamida: Fontes Surpreendentes de Nanoplasticos
Um dos plásticos comuns encontrados foi o polietileno tereftalato (PET), utilizado na fabricação de muitas garrafas de água. Também é usado para refrigerantes, bebidas esportivas e produtos como ketchup e maionese. O PET provavelmente se mistura com a água quando partículas se desprendem ao espremer a garrafa ou quando esta é exposta ao calor. Um estudo recente sugere que muitas partículas entram na água ao abrir ou fechar repetidamente a tampa, causando abrasão de pequenos fragmentos.
Curiosamente, o PET foi superado em número pela poliamida, um tipo de nylon. Beizhan Yan aponta ironicamente que isso provavelmente vem de filtros de plástico usados para supostamente purificar a água antes de seu engarrafamento. Outros plásticos comuns encontrados pelos pesquisadores incluíam poliestireno, cloreto de polivinila e polimetil metacrilato, todos utilizados em vários processos industriais.
Um Pensamento Perturbador e um Novo Horizonte de Pesquisa
Um aspecto preocupante é que os sete tipos de plástico pesquisados representaram apenas cerca de 10% de todas as nanopartículas encontradas nas amostras; os pesquisadores não têm ideia do que sejam os outros 90%.
Se todos forem nanoplasticos, isso significa que eles podem ser contados às dezenas de milhões por litro.
Mas eles também podem ser quase qualquer coisa, “indicando a composição complicada de partículas na amostra de água aparentemente simples”, escrevem os autores. “A presença comum de matéria orgânica natural certamente requer uma distinção prudente.”
Os pesquisadores agora estão expandindo seus estudos para além da água engarrafada. “Existe um enorme mundo de nanoplasticos a ser estudado”, disse Min.
Ele observou que, por massa, os nanoplasticos compõem muito menos do que os microplásticos, mas “não é o tamanho que importa. São os números, porque quanto menores as partículas, mais facilmente podem entrar em nós.”
Além disso, estão colaborando com especialistas em saúde ambiental para medir nanoplasticos em vários tecidos humanos e examinar seus efeitos no desenvolvimento e no sistema neurológico.
Reflexão Final: Confrontando uma Realidade Invisível
Naixin Qian reflete sobre as descobertas: “Não é totalmente inesperado encontrar tanto dessas substâncias, porém a ideia é que quanto menores as partículas ficam, mais delas existem.” Este pensamento ressalta a realidade desafiadora de nanoplasticos na nossa vida cotidiana e no meio ambiente.
O artigo sobre nanoplasticos em água engarrafada e suas implicações para a saúde e o meio ambiente baseia-se em várias fontes relevantes, cada uma com sua própria perspectiva e contribuição ao tema:
- Columbia University’s Climate School News: Este site, associado à Universidade de Columbia, oferece um artigo baseado em pesquisas acadêmicas rigorosas, destacando o papel da universidade no estudo. Como uma fonte acadêmica, ela proporciona uma visão científica aprofundada do tópico. Leia mais aqui
- The Register: Este site britânico de notícias e opiniões foca em tecnologia, ciência e política. Seu artigo sobre o assunto provavelmente oferece uma perspectiva crítica e detalhada sobre a contaminação de plástico em água engarrafada, garantindo uma abordagem bem fundamentada e precisa. Leia mais aqui.
Cada uma dessas fontes contribui com informações valiosas e perspectivas distintas sobre o problema dos nanoplasticos em água engarrafada, tornando-os recursos úteis e relevantes para entender a extensão e os impactos deste problema ambiental e de saúde.
Muito oportuno, esse texto!