Visão Geral do Conteúdo
No campo da cardiologia, a precisão na terminologia médica é fundamental para o diagnóstico correto e a implementação eficaz de tratamentos.
Uma área onde essa precisão é particularmente crítica é no diagnóstico e tratamento de condições cardíacas inflamatórias, especificamente na diferenciação entre “miopericardite” e “perimiocardite”.
Embora frequentemente usados de forma intercambiável, estes termos descrevem processos de doença distintos, cada um com sua própria abordagem de diagnóstico e tratamento.
Este artigo visa esclarecer estas diferenças, contribuindo para a prática clínica dos médicos no manejo dessas condições complexas.
A “miopericardite” refere-se a casos de pericardite aguda confirmada com elevação da troponina, mas sem disfunção sistólica do ventrículo esquerdo (VE).
Este diagnóstico geralmente indica uma inflamação primária do pericárdio com envolvimento secundário do miocárdio.
O manejo clínico da miopericardite concentra-se no tratamento da pericardite aguda, com ênfase na monitorização cardíaca para detectar potencial progressão para disfunção sistólica do VE.
Em contraste, a “perimiocardite” descreve casos que se apresentam como pericardite aguda com elevação da troponina e fração de ejeção do VE inferior a 55%. Portanto seria uma pericardite com miocardite e com disfunção sistólica do ventrículo esquerdo (VE)
Este diagnóstico sugere uma inflamação primária do miocárdio com envolvimento secundário do pericárdio.
A abordagem diagnóstica para a perimiocardite é a mesma que para a miocardite. O tratamento depende dos resultados da avaliação diagnóstica e não inclui intrinsecamente tratamentos comuns à pericardite aguda e miopericardite.
O tratamento da miopericardite assume que condições como perimiocardite, miocardite e síndrome coronariana aguda foram razoavelmente excluídas.
A abordagem terapêutica envolve principalmente o uso de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) e colchicina, com expectativa de normalização dos marcadores inflamatórios em até seis meses.
Pacientes que não respondem à terapia inicial devem ser encaminhados a um especialista para reavaliar o diagnóstico e reconsiderar o regime terapêutico.
Para a maioria dos pacientes com miopericardite aguda, recomenda-se a terapia inicial com colchicina em combinação com AINEs, ao invés de apenas AINEs. As dosagens típicas para o tratamento são as seguintes:
OU
E
OU
Geralmente, os sintomas se resolvem dentro de 72 horas, momento em que os AINEs são gradualmente reduzidos ao longo de duas a quatro semanas. A colchicina é normalmente continuada por três meses e, depois, interrompida sem redução gradual da dose.
Veja abaixo a referência do Uptodate:
Base de Evidências para o Tratamento
A abordagem para o tratamento inicial baseia-se na experiência clínica e em dados observacionais limitados sobre miopericardite, bem como na segurança e eficácia da colchicina relatada em ensaios clínicos randomizados com pacientes com pericardite aguda ou recorrente.
Embora a terapia com AINEs esteja associada a uma maior mortalidade em modelos animais de miocardite, acredita-se que essa evidência não se aplique a pacientes com miopericardite.
Em casos onde os sintomas torácicos persistem além de 72 horas, os biomarcadores cardíacos permanecem elevados, e/ou há diminuição da função do ventrículo esquerdo (VE), é necessária uma reavaliação do diagnóstico de miopericardite.
Se a miopericardite continuar sendo o diagnóstico principal e houver intolerância a AINEs ou colchicina, ou se os sintomas forem refratários a esses tratamentos, pode-se considerar o uso de um curso curto de glicocorticoides, após discussão sobre os riscos e benefícios.
Beta-bloqueadores também podem ser utilizados para tratar sintomas residuais, como palpitações e dor no peito.
A evidência para o uso de glicocorticoides, beta-bloqueadores e outros tratamentos (como anakinra, rilonacept) é inferida de estudos observacionais que mostram um possível benefício na pericardite aguda ou recorrente.
Recomenda-se a cessação completa de esportes competitivos e a limitação da atividade física para caminhada e treinamento leve com pesos (não mais do que 5 kg) por pelo menos três meses.
Para atividades esportivas competitivas, pode-se considerar um tempo de restrição mais longo, de seis meses.
Conforme discutido anteriormente, a perimiocardite, diferentemente da miopericardite, é tratada de maneira semelhante à miocardite.
Portanto, existem certas práticas e medicamentos que devem ser evitados nestas condições para não agravar o quadro clínico.
Em modelos animais de miocardite, os AINEs mostraram-se ineficazes e, em alguns casos, podem até intensificar o processo miocardítico e aumentar a mortalidade.
Além disso, os AINEs devem ser evitados em pacientes com insuficiência cardíaca (IC), devido ao risco de exacerbação da IC e possível aumento da mortalidade.
Sugere-se a restrição do consumo de álcool a no máximo uma bebida alcoólica por dia (14 a 15 g de álcool), já que um consumo elevado pode intensificar a gravidade da miocardite. Contudo, o limiar ótimo para o consumo de álcool neste contexto clínico ainda é incerto.
A atividade física deve ser restringida para reduzir o trabalho do coração durante a fase aguda da miocardite, especialmente em casos de febre, infecção sistêmica ativa ou IC.
A eficácia desta recomendação foi demonstrada em modelos animais, onde o exercício em infecções murinas por coxsackievirus aumentou a replicação viral no coração e o peso cardíaco em comparação com controles.
A duração ótima da restrição ao exercício é incerta. Concordamos com a declaração científica da American Heart Association/American College of Cardiology Foundation sobre a participação em esportes, recomendando uma abstinência de três a seis meses de esportes competitivos após a miocardite.
Antes da liberação para o retorno às atividades, os pacientes devem ser avaliados com um teste de exercício limitado por sintomas, monitoramento Holter e ecocardiograma. Esta recomendação é baseada em opinião de especialistas.
Notas Adicionais:
Esta tabela resume as opções terapêuticas, doses, durações de tratamento e regimes de redução para pericardite aguda e recorrente, fornecendo um recurso prático para profissionais de saúde.
A distinção entre miopericardite e perimiocardite é crucial para o diagnóstico e tratamento apropriados destas condições.
Embora ambas apresentem características de pericardite aguda e elevação da troponina, as diferenças fundamentais residem na função sistólica do ventrículo esquerdo (VE) e na abordagem terapêutica.
Locais para realizar o ecocardiograma em Ribeirão Preto:
É essencial que os profissionais de saúde reconheçam e entendam essas diferenças, pois isso influência diretamente no manejo clínico de pacientes com essas condições.
O entendimento correto das terminologias e a aplicação de tratamentos específicos conforme o diagnóstico podem significativamente melhorar os resultados para os pacientes.
As informações aqui apresentadas são baseadas em dados atuais e confiáveis, provenientes do UpToDate, garantindo que os profissionais de saúde estejam equipados com o conhecimento mais recente e relevante na área de cardiologia.
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