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Quando suspender medicamentos no Período Perioperatório?

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Suspensão do Ácido Acetilsalicílico (AAS) no Período Perioperatório

A tomada de decisão sobre o uso de medicamentos como o Ácido Acetilsalicílico (AAS) durante o período perioperatório pode ser um desafio. Precisamos equilibrar cuidadosamente o risco de complicações cardiovasculares com o risco de sangramento. Felizmente, a 3ª Diretriz de Avaliação Cardiovascular Perioperatória da Sociedade Brasileira de Cardiologia fornece orientações claras para ajudar os profissionais de saúde a navegar por essa complexidade.

Para pacientes que estão em prevenção primária, ou seja, aqueles sem histórico de doença cardiovascular coronariana que usam AAS para prevenir um primeiro evento, a recomendação é suspender o AAS sete dias antes da operação.

Por outro lado, para pacientes em prevenção secundária, ou seja, aqueles que já tiveram um evento cardiovascular e usam o AAS para prevenir um segundo evento, a orientação é manter o uso de AAS na dose máxima de 100 mg por dia.

Existem algumas exceções importantes a essas regras:

  • Os pacientes que se submetem a neurocirurgias devem suspender o uso de AAS sete dias antes do procedimento, devido ao alto risco de mortalidade relacionada a sangramentos, mesmo que sejam de pequena quantidade.
  • Na ressecção transuretral de próstata pela técnica convencional, devido ao alto risco de sangramento, o AAS deve ser suspenso. No entanto, quando se utiliza a técnica hemostática, conhecida como aplicação de green-light laser, o AAS pode ser mantido.
  • Vale ressaltar que não há recomendação para suspensão rotineira de AAS para a biópsia transretal da próstata, um procedimento urológico comum.

Decisões Sobre o Uso de AAS em Colonoscopias: Quando Suspender

Conforme a 3ª Diretriz de Avaliação Cardiovascular Perioperatória da Sociedade Brasileira de Cardiologia, o uso de Ácido Acetilsalicílico (AAS) em colonoscopias geralmente deve ser mantido principalmente se a for devido a prevenção secundária, devido ao baixo risco de sangramento significativo. No entanto, em casos de dissecção submucosa em pacientes com neoplasia gástrica e mucosectomia em tumores colônicos maiores de 20 mm, o AAS pode aumentar o risco de sangramento. Nestas situações, o risco de eventos trombóticos com a suspensão do AAS deve ser avaliado individualmente.

Estas são diretrizes gerais e cada caso deve ser avaliado de forma individualizada pelo profissional de saúde, para garantir a tomada de decisões mais seguras e adequadas.

Para saber mais, consulte a 3ª Diretriz de Avaliação Cardiovascular Perioperatória da Sociedade Brasileira de Cardiologia.


Fonte: 3ª Diretriz de Avaliação Cardiovascular Perioperatória da Sociedade Brasileira de Cardiologia

Tags: Cardiologia, Perioperatório, AAS, Medicina


Tabela: Risco de sangramento em procedimentos endoscópicos

Quadro 4 – Risco de sangramento em procedimentos endoscópicos*Procedimentos de alto riscoProcedimentos de baixo risco
PolipectomiaDiagnósticos (EDA, colonoscopia e sigmoidoscopia flexível), incluindo biópsia em mucosa
Esfincterotomia biliar ou pancreáticaCPRE com colocação de stent ou dilatação com balão sem esfincterotomia
Enteroscopia terapêutica assistida por balãoEnteroscopia push e enteroscopia diagnóstica assistida por balão
Gastrostomia ou jejunostomia percutânea endoscópicaCápsula endoscópica
Ultrassonografia endoscópica com biópsia por agulha finaUltrassonografia endoscópica sem biópsia por agulha fina
CistogastrostomiaColocação de stent intestinal
Dilatação esofágicaAblação de esôfago de Barret
Mucosectomia e dissecção submucosaCoagulação com plasma de argônio
Ablação de tumores
Tabela de risco de sangramento em procedimentos endoscópicos

*Adaptado de Acosta et al.252. EDA: endoscopia digestiva alta; CPRE: colangiopancreatografia retrógrada endoscópica.


Cirurgias de Catarata e o Uso de Antitrombóticos

Olhar atento

As cirurgias de catarata são intervenções oftalmológicas muito frequentes, especialmente em pessoas mais velhas, muitas das quais podem ter comorbidades cardiovasculares que requerem o uso de medicamentos antitrombóticos.

Nesse contexto, uma questão que gera debate entre oftalmologistas e cardiologistas é o que fazer com esses medicamentos no período perioperatório. No entanto, apesar das preocupações com complicações hemorrágicas, como hematomas na região periorbital, estudos observacionais indicam que a taxa de tais complicações é baixa e geralmente sem maiores consequências.

É importante ressaltar que, em se tratando de cirurgias de catarata que empregam técnicas anestésicas convencionais, a evidência demonstra que os medos relacionados ao sangramento são, em grande parte, infundados. Portanto, é comum a recomendação de manutenção de medicamentos antitrombóticos, como o ácido acetilsalicílico (AAS) e os inibidores dos receptores P2Y12, no período perioperatório dessas cirurgias.

Por outro lado, para pacientes que usam varfarina, a evidência também favorece sua manutenção em cirurgias de catarata, desde que o INR (International Normalized Ratio) esteja dentro da faixa terapêutica.

Em todos os casos, é essencial uma avaliação individualizada, considerando a relação entre os riscos trombóticos e hemorrágicos. Além disso, é importante que o cirurgião esteja ciente da necessidade de garantir uma hemostasia adequada caso o anticoagulante e/ou antiagregantes sejam mantidos.

Essas recomendações são baseadas na 3ª Diretriz de Avaliação Cardiovascular Perioperatória da Sociedade Brasileira de Cardiologia. É crucial consultar essas diretrizes e discutir com o médico as melhores opções para cada caso.


Quando Parar o Xarelto Antes da Cirurgia: Entendendo os Riscos e Benefícios

A preparação para uma cirurgia envolve uma série de detalhes importantes, entre os quais o manejo adequado dos medicamentos que o paciente está tomando é essencial. Isso se torna particularmente crucial se o medicamento em questão for o Xarelto (Rivaroxabana).

Neste artigo, vamos nos aprofundar sobre quando parar o Xarelto antes da cirurgia, considerando as recomendações atuais baseadas em estudos científicos. É importante lembrar que este artigo tem caráter informativo e não substitui uma consulta médica.

O Xarelto e a Prevenção de Coágulos Sanguíneos

O Xarelto, também conhecido como Rivaroxabana, é um medicamento anticoagulante usado para prevenir a formação de coágulos sanguíneos. Porém, a mesma propriedade que o torna útil na prevenção de coágulos também pode aumentar o risco de sangramento durante e após a cirurgia.

Recomendações para Manejo da Rivaroxabana

Vamos abordar as recomendações atuais para o manejo da Rivaroxabana em preparação para a cirurgia, de acordo com os últimos estudos e diretrizes. Nem sempre é preciso suspender o anticoagulante, porém em caso de decisão pela suspensão segue algumas informações:

  1. Pacientes em uso crônico da rivaroxabana, com função renal normal: A medicação pode ser suspensa 24 horas antes da cirurgia.
  2. Disfunção renal grave (clearance de creatinina 15 a 30 mL/minuto) ou cirurgias com alto risco de sangramento (como neurocirurgias): A Rivaroxabana deve ser suspensa pelo menos 48 horas antes da intervenção.
  3. Anestesia regional com cateter epidural: Deve-se aguardar pelo menos 6 horas após a retirada do cateter para a próxima dose de Rivaroxabana. Nos casos de cateter epidural mantido no pós-operatório para analgesia, a retirada deve ocorrer após 18 horas da última dose.
  4. Reintrodução da Rivaroxabana após a cirurgia: A dose plena deve ser reintroduzida pelo menos 24 horas após o término da cirurgia, desde que haja uma adequada hemostasia (Grau de recomendação IIa, Nível de evidência C).
  5. Pacientes com alto risco de sangramento: Considerar reintroduzir a Rivaroxabana após 48 a 72 horas (Grau de recomendação IIa, Nível de evidência C).

“Nunca interrompa qualquer medicação prescrita sem antes consultar o seu médico.”

A preparação para a cirurgia é um equilíbrio delicado entre minimizar o risco de sangramento e prevenir a formação de coágulos. Cada paciente é único, e as recomendações específicas para o manejo de medicamentos como a Rivaroxabana podem variar de acordo com diversos fatores, incluindo a condição de saúde geral do paciente, o tipo de cirurgia a ser realizada, e a função renal do paciente.

Converse abertamente com seu médico sobre suas preocupações e siga as orientações cuidadosamente. Afinal, a sua saúde é sempre a prioridade número um.

Tabela: Suspensão do Xarelto antes da cirurgia:

SituaçãoRecomendação
Pacientes em uso crônico, função renal normalSuspender o Xarelto 24 horas antes da cirurgia
Disfunção renal grave ou cirurgias com alto risco de sangramentoSuspender o Xarelto 48 horas antes da cirurgia
Anestesia regional com cateter epiduralAguardar 6 horas após a retirada do cateter para a próxima dose

Reintrodução do Xarelto após a cirurgia:

SituaçãoRecomendação
Reintrodução da dose plena após cirurgiaReintroduzir o Xarelto 24 horas após a cirurgia, se houver hemostasia adequada
Pacientes com alto risco de sangramentoConsiderar reintroduzir o Xarelto após 48 a 72 horas

Lembre-se, essas são apenas diretrizes gerais e as decisões devem sempre ser tomadas por um profissional de saúde qualificado, levando em consideração a situação individual de cada paciente. Nunca altere a sua medicação sem orientação médica.

Perguntas frequentes (FAQ) sobre a suspensão do Xarelto antes da cirurgia


CIRURGIA 1

Manejo do AAS e Clopidogrel antes da cirurgia

Em alguns casos, para minimizar o risco de sangramento durante e após uma cirurgia, pode ser necessário interromper temporariamente o uso de medicamentos antiplaquetários, como o Ácido Acetilsalicílico (AAS) e o Clopidogrel. No entanto, não é sempre que a suspensão é necessária. Isso depende de uma série de fatores, incluindo o tipo de cirurgia, o risco de sangramento e o risco de eventos trombóticos.

Caso seja decidido, após uma avaliação pré-operatória, que a suspensão é necessária, o AAS geralmente deve ser suspenso pelo menos 7 dias antes da cirurgia e o Clopidogrel pelo menos 5 dias antes. Aqui está uma tabela para resumir essas informações:

MedicamentoTempo de suspensão antes da cirurgia
AAS7 dias
Clopidogrel5 dias

Lembre-se: essas são diretrizes gerais e a decisão deve sempre ser feita em conjunto com o seu médico, levando em consideração a sua situação individual. Nunca interrompa o uso desses medicamentos sem orientação médica.

Perguntas frequentes (FAQ) sobre a suspensão do AAS e Clopidogrel antes da cirurgia